O Grupo JPupin, do produtor rural José Pupin, entrou com pedido de recuperação judicial, na última sexta-feira (28), na Comarca de Campo Verde, em Mato Grosso. Segundo informações preliminares, dívidas da ordem de R$ 1 bilhão forçaram Pupin, conhecido como "Rei do Algodão", a tentar aprovar o plano de recuperação, para proteger seus ativos. Reportagem recente do jornal Valor Econômico informou que o empresário contratou a empresa KPMG para assessorá-lo na crise. Uma das saídas foi a tentativa de colocar à venda praticamente metade de suas terras para saldar as dívidas. "São cerca de 50 mil hectares, distribuídos em fazendas localizadas em Mato Grosso, Estado que concentra quase todo os ativos do produtor. Com essa venda, ele pretende levantar ao menos R$ 700 milhões para reduzir o endividamento", disse o jornal. "Dono de fazendas que somam aproximadamente 100 mil hectares e abrigam lavouras de algodão, soja e milho, além de pecuária e reflorestamento, Pupin sempre foi considerado um produtor eficiente e conservador. Conforme fontes do segmento, há cinco anos ele tinha muita liquidez", afirmou o Valor. Segundo o jornal, Pupin costumava comprar insumos e máquinas praticamente à vista, e as terras que adquiria, sempre com recursos gerados por suas próprias operações, costumavam ter de 2 mil a 5 mil hectares. "Há quatro anos, contudo, Pupin adotou uma estratégia mais agressiva de compra de fazendas e passou a usar recursos captados no mercado financeiro. Adquiriu quase de uma vez só 40 mil hectares." "Entre os diversos financiamentos que contratou para pagar essas aquisições está um de US$ 53 milhões com o fundo americano Metlife Investiment, a uma taxa um pouco inferior a 10% ao ano, com pagamento em cerca de dez anos. Apesar do prazo alongado, o empréstimo, em dólar, foi fechado com o câmbio de R$ 2, ao menos 40% mais baixo que os níveis atuais." "Superação da crise" Em um comunicado, que circula nas redes sociais, o empresário teria justificado o pedido na Justiça para "proteção dos ativos, manutenção dos empregos e a superação da crise econômica e financeira que o grupo tem vivenciado". “Para esclarecimento, o Grupo JPupin informa que os principais motivos que o levou a essa situação momentânea de dificuldades são a alta relevante nos custos de produção; o aumento das dívidas em função da valorização do dólar; a diminuição do preço das commodities no mercado internacional; a escassez de crédito no mercado nacional e o aumento significativo da taxa de juros bancária”, diz a nota. Na nota, o grupo informou que "há três meses, tentava renegociar seu passivo de forma estruturada. "Apesar da receptividade, por parte da maioria, a resistência de alguns credores no alongamento do seu endividamento de curto e médio prazos, influenciou significativamente a decisão pelo processo de recuperação judicial". (http://www.midianews.com.br/conteudo.php?sid=4&cid=241351)